domingo, 25 de novembro de 2012

A primeira tentativa de colonização

Depois que a expedicao de Fernão de Magalhães logrou a primeira viagem de circumnavegacao terrestre, abriu caminho para que outros intrépidos marinheiros navegassem por terras ainda desconhecidas pelos europeus.

Em 1577, a  rainha Elizabeth I enviou Francis Drake, um conhecido e temido pirata inglês, em uma expedicao em contra das colonias espanholas ao longo da costa do Pacifico. A expedicao, 4 navios e 164 homens, partiu de Plymouth, Inglaterra e, em si mesmo foi um sucesso apesar das dificuldades que enfrentaram, de fato, em 1580, só 69 homens sobreviveram e retornaram a Inglaterra em uma das embarcacoes carregada de especiarias e tesouros capturados dos espanhois.
A sua volta, Drake foi aclamado como o primeiro inglês a navegar ao redor do mundo, trazendo valiosas informacoes que ajudou ao povo inglês do seculo XVI aprender mais sobre o mundo.

Da sua viagem ele trouxe um coco de presente para a Rainha Elizabeth, fruto que não era ainda conhecido pelos ingleses; com a casca do coco ela mandou fazer um trofeu e deu de presente para o marinheiro em recordacao da sua viagem ao redor do mundo, o qual pode ser visto no National Maritime Museum, Greenwich, Londres.
                                             

                                                       Drake´s coconut cup


Depois da viagem de Francis Drake, Felipe II,  o rei de Espanha viu a necessidade de afirmar a soberania de Espanha sobre o Estreito de Todos os Santos, nome dado por Fernão de Magalhães ao passo marítimo, depois rebatizado por Sarmiento de Gamboa como Estreito da Madre de Deus e finalmente recebendo o nome do navegante português.

No dia 27 de setembro de 1581, Pedro Sarmiento de Gamboa partiu de Sevilha com 23 navios e umas 2500 pessoas, sendo que entre eles 350 se tornariam habitantes da região do Estreito e 400 soldados para defender o passo marítimo.
A viagem foi um verdadeiro desafio para a expedicao de Gamboa: enfrentaram fortes tempestades, naufrágios, pestes, fome, renuncias. Tanto assim que so chegaram ao destino, em 1584, 4 navios e umas 500 pessoas, entre colonos, marinheiros e soldados, 13 mulheres e 11 criancas.

No dia 11 de fevereiro de 1584, Gamboa fundou a cidade "Nome de Jesus" situada ao norte do Estreito de Magalhães, em Punta Dungenes e logo partiu para o sul. No dia 25 de marco fundou a cidade Rei Don Felipe, situada na Punta de Sant´Ana.

Quando Sarmiento de Gamboa tratou de voltar a cidade Nome de Jesus uma forte tempestade o afastou da costa arrastando-o ao Porto de Santos, no Brasil. Inquieto pela situacao dos colonos envia uma embarcacao com uma carga de alimentos e roupas mas esta naufraga antes de chegar ao seu destino.
Ao saber do sucedido Gamboa viaja a Pernambuco em busca de auxilio mas o seu navio também naufraga e ele se salva milagrosamente aferrando-se a um tronco.
Desesperado decide regressar a  Espanha mas e capturado por piratas ingleses que o levam para Inglaterra mas, devido que a rainha inglesa desejava amizade com o reino espanhol o deixou ir.
Mas ai não terminou as penúrias deste explorador, porque ao retornar a Espanha desde Inglaterra foi capturado por protestantes religiosos franceses, hugonotes, que o aprisionaram no castelo de Mont de Marsan, onde permaneceu por 44 meses.
Em 1590, o rei espanhol decidiu pagar um resgate pela liberdade de Gamboa. Ele retorna a Espanha mas  com a saúde deteriorada.

Ainda com a esperança de encontrar seus colonos vivos, Gamboa solicita, ao Rei Felipe, regressar ao Estreito de onde ele havia partido seis anos antes. Assim, como almirante, parte novamente comandando uma frota de galeões em direcao ao sul. Mas, em Júlio de 1592, nas costas de Portugal, ele adoeceu gravemente e foi levado a Lisboa, onde faleceu.

Que martírio sofreu este intrépido navegante!

Mas para os colonos das cidadezinhas, Nome de Jesus e Rei Don Felipe, a situacao foi igualmente dramática.
Em Janeiro de 1587, o pirata inglês Thomas Cavendish, viajou ao Estreito em busca das cidades espanholas com o afa de roubar a artilheiria que a expedicao de Gamboa havia trazido para os fortes. Durante este tempo ele encontrou com Tome Hernandez que lhe contou ser o único sobrevivente das colonias. Ele relatou que os colonos morreram, principalmente por desnutricao, mas também por outras causas como a hipotermia, intoxicacao e violência. Também comentou que a desesperacao foi tanta que alguns ate cometeram canibalismo.
Dai que Cavendish deu a conhecer o lugar como Porto da Fome, nome que e reconhecido ate o dia de hoje.

Desta maneira fracassou a primeira tentativa de colonizacao do Estreito de Magalhães, no seculo XVI.

Atracão turística: Porto da Fome, Parque Historia Patagônia.






O Parque Historia Patagônia esta localizado a 60km ao sul de Punta Arenas, capital da Região de Magalhães.
De frente para o Estreito de Magalhães o parque conta com 130 hectares de bosques de lengas, especie representativa do bosque andino patagônico do Chile; e cenário histórico e cultural que esconde restos arqueológicos de etnias originarias e vestígios importantes da historia da colonizacao da Patagônia.
O parque oferece uma interessante rede de trilhas e mirantes que permite observar a fauna e flora marinha e terrestre e a fabulosa paisagem da zona austral.

Também na área se encontra um obelisco que sinaliza o Centro Geográfico de Chile, entre Arica e o Pólo Sul.


Para mais informacoes: Parque Historia-Patagônia: www.phipa.cl









terça-feira, 20 de novembro de 2012

Os primeiros habitantes

A historia dos habitantes na área do Estreito de Magalhães começou miles de anos atrás com a chegada de grupos de caçadores que cruzaram o Estreito de Bering para ingressar ao território americano.

Arqueologistas datam as ocupacoes humanas mais antigas na região austral a 12.900 anos atrás, indícios foram encontrados tanto na Província de Ultima Esperança (CL) como na Província de Santa Cruz(AR).
Na Terra do Fogo, descobrimentos no setor de Tres Arroyos mostram ocupacoes de 12.280 a 11.880 anos atrás. Ali viveram grupos de caçadores que conviveram com animais já extintos, como o milodon e o cavalo anão.

Já no seculo XVI, quando a expedicao de Fernão de Magalhães chegou a região que hoje leva o seu nome, havia 4 grupos de aborigenes que viviam harmoniosamente com o meio ambiente e entre si mesmos:

Os Aonikenks, <<gente do sul>>, também conhecidos como Tehuelches, habitavam os territórios compreendidos entre o Rio Santa Cruz e o Estreito de Magalhães. Eram hábeis caçadores e podiam recorrer grandes distancias em busca de guanaco e ñandu (avestruz). Sua populacao seria de uns 4.000 indivíduos.

Os Selk´Nam, <<filhos da terra>>, conhecidos pelos europeus como Onas, habitaram a Ilha Grande Terra do Fogo. Também eram hábeis caçadores, sua principal caça foi o guanaco.Se calcula que sua populacao chegou a 3.600 pessoas.

Os Yamanas, também chamados Yahgashaga, <<montanha-vale-canal>>, o missioneiro inglês Thomas Bridges abreviou a palavra a Yagan, nome com o qual a etnia e mais conhecida. Eram exímios canoeiros,viviam perto das costas passando a maior parte do tempo em suas canoas. Recorriam principalmente o sul do Estreito de Magalhães, Canal Beagle e o Cabo de Hornos. A populacao de Yamanas chegou a mais de 3000 indivíduos.

Os Kaweskar, <<racional de pele e osso>>, também conhecidos como Alacalufes. Igual que os Yagans  eles eram canoeiros, passavam o dia em suas canoas e acampavam nas praias ao anoitecer. Recorriam os canais e fiordos ao ocidente da Patagônia. Thomas Bridges, em 1880, calculou uma populacao de mais de 3000 pessoas.

Com a navegacao europeia atravez do estreito e eventualmente com a colonizacao da região, estes grupos nativos sofreram os cruéis efeitos da codicia humana.

Os territórios que por milênios haviam sido livres territórios de caca dos Onas, foram cercados por fazendeiros ingleses que substituíram sua principal caça, os guanacos, por ovelhas criadas nas fazendas. Muitos Onas foram exterminados baixo a desculpa de roubar ovelhas e outros morreram como consequencia de doenças virales trazidas pelos europeus ou pelo alcoolismo, costume adquirida ao trocar com os europeus peles de lobo marinho por bebidas alcoólicas.

Os tehuelches não tiveram melhor sorte. A contar de 1860 a populacao da colonia Punta Arenas começou a  crescer rapidamente com o desenvolvimento da industria madeireira e a exploracão de ouro. A limitacao das jurisdicoes territoriais entre Chile e Argentina, as concessões territoriais dadas aos europeus para o desenvolvimento da pecuária e o abuso dos novos proprietarios em contra dos Tehuelches fizeram com que eles abandonassem o território chileno, ademais um contagio de viruela reduziu significativamente a populacao aborigene. Os Aonikenkes foram visto pela ultima vez em território chileno ao redor de 1927.

Em 1850, missioneiros anglicanos se estabeleceram na área do Canal Beagle construindo ali um hospital, casas, uma escola e uma igreja para desenvolver atividades educativas e evangelizadoras com o fim de ajudar os Yamanas a adaptar-se as mudanças que estavam sucedendo rapidamente na região e que eram dificieis de ser assimiladas por eles.

Ao principio a missão atraiu muitos indígenas que foram obrigados a viver em chocas, usar vestimentas europeias e trabalhar em oficios que não eram suas costumes. Em 1885 uma epidemia de rubéola, doença completamente desconhecida entre eles, causou um efeito fulminante entre a populacao Yagan. Continuaram vivendo em diferente missões que pouco a pouco debilitaram sua cultura e a capacidade de comunicar em sua própria língua.

No setor da província de Ultima Esperança os novos colonos receberam grandes extensões de terra para iniciar a atividade pecuária o que desembocou em numerosos conflitos com os Kaweskar, que recorriam os canais e fiordos. Os indígenas foram acusados de roubar animais o que custou a vida de muitos deles. De acordo com o estudo de Joseph Emperaire, a populacao  Kaweskar começou a diminuir a medida que os estrangeiros foram instalados em seus territórios. Ademais dos atos de violência a que foram vitimas, também foram introduzidos ao excessivo consumo de álcool e doenças contagiosas como a tuberculosis, venéreas e gripe que deterioraram o estado fisiológico dos aborigens.

Atualmente os descendentes dos Yamanas vivem na Ilha Navarino, Província Antarctica, em uma vila chamada Ukika.
Em 1992, esta comunidade se agrupou para lutar pela defesa dos direitos de seus ancestrais e resgatar sua historia e cultura. Pediram ao Estado e a sociedade chilena reparar os danos que os europeus e chilenos causaram levando sua comunidade quase a extincao.
Em resposta, em 1993, as comunidades Yamanas e Kaweskar foram reconhecidas pela atual Lei Indígena e passaram a receber protecao e apoio do Estado. Ademais, o fisco restituiu a comunidade Yamana as terras da Baia Mejillones onde eles viveram antes de estabelecer-se na Vila Ukika-

Os últimos descendentes dos Kaweskar hoje vivem em Porto Éden, cujo acesso e somente por via marítima, com uma populacao de 250 pessoas.
Em 2008 um dos últimos kaweskar puro morreu, ainda que ele afirmava ser o único, mas investigadores da etnia acreditam que ainda há 3 deles, porem não há nenhuma mulher da raça Kaweskar em idade de procriar, o que quer dizer que a extincao da raca e inevitável.

Em 1881, um grupo de 11 Kaweskar foram sequestrados por um empresario alemão, Karl Hagenbeck, levados a Paris e foram exibidos como canibais no Jardin D´Acclimatation ante o publico francês. Também foram expostos no jardim zoológico em Berlim, e foram levados a Leipzia, Munich, Stuttgart, Nuremberg, Zurich.

Depois de 129 anos deste trágico acontecimento, os esqueletos de Henry, Luse, Grethe, Piskouna e Capitan (nomes dados pelos europeus), foram encontrados no departamento de antropologia da Universidade de Zurich. Com todo o apoio necessário, uma delegacao de 5 descendentes indígenas viajaram a Suiza em busca dos restos de seus antepassados, os quais chegaram a Chile no dia 12 de janeiro de 2010, onde foram levados a Ilha Karukinga, no Seno Almirantazgo, e enterrados dignamente de acordo com a tradicao dos povos canoeiros da zona austral.

Atracão turística relacionada com as etnias: Museu Maggiorino Borgatello: o museu exibe uma colecao etnográfica reunida pelos missioneiros salesianos. Conta com 4 níveis de exibicao na área da cultura, historia, religião, fauna, flora e comercio da Região de Magalhães. Conta também com uma valiosa biblioteca e um extenso material fotográfico e audiovisual sobra as etnias e historia da Patagônia.

Para mais informacao: www.museomaggiorinoborgatello.cl

Recomendacao: Livro: Sombras de Fuego-Patagonia, Carlos Vega Delgado. (Espanhol-Inglês)

















sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Uma joia da geografia

Sim, e assim como eu qualifico o Estreito de Magalhães: uma jóia da geografia mundial.
 E o único passo natural navegável entre dois grandes oceanos da terra: o Pacifico, a maior massa marítima do nosso planeta, 165.200.000 km2, cobre quase um terço da superfície do planeta. E o Atlântico, o segundo maior em extensão, 106.400.000 km2, cerca de um quinto da superfície da terra. Este canal de 583 km foi o cenário da primeira viagem ao redor do mundo no seculo XVI, por Fernão de Magalhães. E e atualmente a estrela do turismo na chamada Região de Magalhães, Chile.

O lado ocidental do estreito e uma península, Península de Brunswick, nome dado por exploradores ingleses em homenagem a Frederick William Duque de Brunswick-Wolfenbuttel, quem se uniu  ao Duque Wellington na batalha de Quatre Bras em contra de Napoleão em 1815, o Duque de Brunswick morreu na batalha.

A única cidade existente na península e a cidade de Punta Arenas, a qual e a capital da Região de Magalhães e foi fundada em 1848, conta hoje com uma populacao de um pouco mais de 131.000 habitantes.

O lado oriental do estreito e um arquipélago, o Arquipélago Terra do Fogo, nome dado por Fernão de Magalhães quando navegando atravez do estreito, em 1520, observou colunas de fumaça que saiam da ilha grande, de fato o primeiro nome dado foi Terra da Fumaça, mas ao conhecer a ilha e ver que os nativos faziam grandes fogueiras ao redor do acampamento para manter-se aquecidos mudou o nome para Terra do Fogo.

A maior ilha do arquipélago e a  Ilha Grande Terra do Fogo que esta dividida entre Chile e Argentina, sendo que 61,43% do seu território, ao ocidente da ilha, pertence ao Chile e o 38,57%, ao oriente, a Argentina.
O arquipélago possui outras ilhas menores que formam entre elas uma curiosa forma de rabo de dragão.

De acordo com a Organizacao Hidrografica Internacional a boca atlântica do estreito esta determinada pela linha que une o Cabo Virgens (AR) com o Cabo Espirito Santo (AR-CL). Mas este limite não há sido aceitado nem por Chile nem por Argentina; um tratado firmado entre estes dois países em 1984, estabelece que a boca oriental esta determinada pela linha que une Ponta Dungenes com o Cabo Espirito Santo, o que faz com que  a entrada atlântica do estreito esteja integralmente em jurisdicao chilena.

Uma atracão turística de destaque são as ilhas Santa Marta e Magdalena localizadas no centro do Estreito de Magalhães. Estas ilhas formam parte do Monumento Natural Los Pinguinos desde 1982.

Na Ilha Magdalena se concentra uma das maiores colonias de pinguins do Chile, cuja populacao e de uns 60.000 casais de Pinguins Magallanicos (Sphenicus Magallanicus). E na Ilha Santa Marta se encontra um importante habitat de lobos marinhos e corvos marinhos (cormorones) que fazem seus ninhos nas rochas. Ademais, se pode visitar o Faro da Ilha Magdalena, inaugurado 15 de Abril de 1902, onde se pode ter uma vista panorâmica da ilha e visitar o Centro de Interpretacao Ambiental, que e um centro de historia da navegacao do estreito.

Para mais informacao: Corporacion Nacional Forestal: www.conaf.cl

Recomendacao: Comapa Turismo: www.comapa.com

Praia Norte- Punta Arenas
Cais Loreto: 1900-1940

Avenida costaneira do Estreito de Magalhães


vista do Cais Arthuro Prat/ Peninsula de Brunswick

Mesas de jogo de xadres

Cais de carga: 1896-1930

Cais Arthuro Prat

Hotel Cassino Dreams- costaneira do Estreito


vista do Estreito e Terra do Fogo








Restos de navio naufragado