quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A Ilha Grande da Terra do Fogo

O arquipélago da Terra do Fogo (em castelhano: Tierra del Fuego) está situado no extremo sul da América do Sul, entre os paralelos 52° 28' e 56° de latitude sul. Estende-se a sul-leste do Estreito de Magalhães e está formado por uma ilha principal e uma infinidade de ilhas menores que, na maioria são montanhosas e estão cobertas de neve todo o ano, formando uma intricada rede de canais, baías e golfos em direção sul, buscando o Cabo de Hornos.

 A ilha principal deste surpreendente arquipélago é a Isla Grande de Tierra del Fuego, é a maior ilha do continente sudamericano, sua área é de 47.992 km2, estando dentro das 30 maiores ilhas do mundo. Porém a superfície da ilha está compartilhada por Chile e Argentina, sendo o Estreito de Magalhães a principal via de acesso à ilha.


Há evidencia de que a ilha foi habitada, uns 10.000 anos atrás, pelos paleoamerindios, antepassados dos Yamanas, nativos que habitaram o sul do arquipélago.
No século XIV os Selk'nam, ingressaram na ilha, a chamaram Karukinka, que na sua língua significa Nossa Terra
Em 1520 a expedição de Fernão de Magalhães entrou no estreito e desde suas embarcações observaram que desde a ilha saíam numerosas colunas de fumaça, mais tarde viram que os aborígenes faziam grandes fogueiras ao redor dos acampamentos para manter-se aquecidos já que, apesar do intenso frio austral eles só usavam uma capa cumprida para o corpo, feitas com a pele de guanacos.
Os Selk'nam eram semi-nômades, se caraterizaram por serem homens muito altos e robustos, hábeis caçadores, de hábitos familiares, mas infelizmente esta interessante etnia foi brutalmente exterminada.
No final do século XIX a ilha começou a ser ocupada por colonos europeus que introduziram as grandes estancias de ovelhas na Patagônia, o qual criou conflito com a vida dos nativos. Em menos de 20 anos a etnia já havia desaparecido por completo.




Ao norte a ilha está formada por planícies levemente onduladas e ao sul pela terminação austral da Cordilheira dos Andes, sendo a Cordilheira Darwin a que apresenta as máximas cumes do arquipélago, como o Monte Shipton com 2.469 m.s.n.m., porém o Monte Sarmiento é o ícone desta cordilheira austral.

O Monte Sarmiento é uma montanha de forma piramidal e cume glacial com forma de poltrona. Poucas vezes no ano se pode ver esta majestosa montanha alçando-se imponente sobre o Estreito de Magalhães.
Pedro Sarmiento de Gamboa foi o primeiro navegante a vê-lo, no século XVI, e o chamou Vulcão Nevado, mas o explorador inglês, Phillip Parker King, o batizou Sarmiento em homenagem ao navegante espanhol.
Charles Darwin o considerou "o mais sublime espetáculo da Terra do Fogo".
Júlio Verne escreveu sobre esta montanha na novela 20.000 léguas submarinas como "o barômetro natural do estreito".
O alpinista francês, Marc Augier, a considerou como "a montanha mais bonita do mundo".

Mas esta montanha tem seus caprichos, mais de 20 expedições tem tentado alcançar sua cume sem exito, só duas expedições tem conseguido este privilégio: uma em 1956 e a outra em 2013.


O documental brasileiro, Extremo Sul, apresentado no ano 2013, é sobre a tentativa de escaladores brasileiros de chegar à cume desta montanha. Ver no:  www.youtube.com/watch?v=rFmS5KTw3eI

A ilha possui lagos de extrema beleza como, por exemplo, o Lago de los Cisnes, que é um monumento natural do Chile ( ver postagem: Monumentos Naturais da Região de Magalhães), e o Lago Fagnano, ou Khami, que na língua dos Selk'nam significa "agua grande". É um lago de origem glacial com uma superfície de 590.3 km2, sendo 93% da sua superfície território argentino, mas em território chileno se encontra sua desembocadura. O lago desemboca na Baía Almirantazgo, no Estreito de Magalhães. Outros lagos muito conhecidos são o Lago Lynch, Lago Blanco, Lago Deseado, Lago Santa Maria e várias lagunas que são um paraiso para os amantes da pesca de truta salmonídea, assim como os numerosos rios que desaguam no Estreito de Magalhães, Canal Beagle, Oceano Atlântico e Pacifico, famosos pela presença de lindas trutas Fário, Arco-iris e Prateada.


O Rio Azopardo, por exemplo, tem uns 14 km de comprimento, nasce no território do Chile, é alimentado pelo Lago Fagnano e corre velozmente pela base da Cordilheira Darwin em direção oeste até a Baía Almirantazgo. É um dos rios mais remotos do Chile.

O Rio Grande também nasce no território chileno mas logo cruza o argentino, é conhecido como " a capital internacional da truta", pois este rio alberga as maiores trutas de Tierra del Fuego, especialmente a truta Fário, anadroma, que migra e adapta para viver e engordar no oceano, nas costas do Atlântico, e retorna ao rio para desovar várias vezes no ano.

Para os amantes da pesca e aventura, ver: www.tierradelfuegolaultimafrontera.com


A Isla Grande de Tierra del Fuego também possui dois parques nacionais, um no território da Argentina e o outro no território chileno, visitados por miles de turistas cada ano.

O Parque Nacional Tierra del Fuego, na Argentina, ocupa uma área de 63.000 ectareas  no extremo sudoeste da ilha, estende-se desde a Serra Injoo Goiyin, ao norte do Lago Fagnano, até o Canal de Beagle.

O parque foi criado em 1960 com o objetivo de proteger e conservar a vegetação subantartica e os ambientes costeiros do Canal de Beagle.
O parque oferece ao visitante áreas de acampamento e trilhas de dificuldades baixa, media e alta. Também oferece um atrativo circuito ferroviário, conhecido como o trem do fim do mundo, uma viagem através da beleza natural e da história.

Informacões: www.trendelfindelmundo.com.ar/pt/recorrido.html

                    www.welcomeargentina.com/parques/tfuego.html

O Parque nacional Alberto D'Agostini, no Chile, tem uma área de 1.460.000 ectareas, é a terceira maior área protegida no país. A beleza natural deste parque se centra nos fiordes e geleiras da Cordilheira Darwin e no famoso Canal de Beagle.
A maior atração é navegar através deste estreito canal de 240km com duas zonas habitadas nas suas margens: Puerto Williams, no Chile, e Ushuaia, na Argentina.
No Chile há 10 áreas declaradas reserva de biosfera pela Unesco, uma destas é o Parque Nacional Cabo de Hornos, designada reserva de biosfera em 2008, a qual compreende as áreas do Parque Nacional Cabo de Hornos e o Parque Nacional Alberto D'Agostini.


A Reserva da Biosfera Cabo de Hornos há sido identificada como uma das áreas silvestres mais pristinas no mundo e a maior área declarada reserva de biosfera da América do Sul.

O Parque Nacional D'Agostini comporta uma riqueza biológica única no mundo, por esta razão predomina atividades cientificas e educativas na área do parque, desenvolvimento da pesca artesanal sustentável, assim como também há aumentado a atividade de ecoturismo e recreação.

Informações: www.conaf.cl/parques/parque-nacional-alberto-de-agostini

                     www.australis.com/site/por
          
                     www.comapa.com