sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O museu Nau Victoria

Caravelas e naus

Caravelas eram embarcações à vela inventadas pelos portugueses, desenhadas na Escola de Sagres no principio do século XV, época em que os grandes navegantes da história empreenderam viagens espetaculares por mares e terras desconhecidas.

Era uma embarcação ligeira, alta, com 25-30 metros de comprimento, estreita e arredondada. Estava munida de 2 ou 3 mastros com velas triangulares, chamadas velas latinas, as quais permitiam bolinar  (navegar em ziguezague contra o vento) e uma maior capacidade de manobra, mas que requeria destreza e conhecimento para navegá-la. Deslocava no mar mais de 50 toneladas e podia levar uma tripulação de uns 50 marinheiros.

Foi com caravelas que os exploradores portugueses dobraram o sul da África e viram o Oceano Índico pela primeira vez.


A palavra nau significa nave, tendo origem no latim navis.

As naus eram, por assim dizer, uma evolução das caravelas. Eram de grande porte, passaram a ser usadas em viagens de grandes percursos pois podiam transportar grandes quantidades de mantimentos e munições e uma tripulação maior.

A nau tinha 3 mastros: 2 velas redondas adiante, as quais permitia uma impulsão maior com um vento favorável, e uma vela latina na ré, a qual dava a capacidade de manobra.
A nau era uma nave de carga por excelência, tinha a capacidade de transportar até 200 toneladas, a qual aumentou até a 600 toneladas no século XVI com o desenvolvimento de novos instrumentos e técnicas de navegação.
As naus eram construída em Portugal e em Espanha.

Vasco da Gama capitaneou a nau São Gabriel na sua viagem à Índia.


Depois do descobrimento do continente sul americano, com o progresso da cartografia e o aparecimento de novos tipos de embarcações, as caravelas e as naus entraram em desuso.

Cristóvão Colombo chegou à América em 1492 comandando uma esquadra formada por 2 caravelas: Pinta e Santa Clara, apelidada de Niña em homenagem ao seu proprietário Juan Niño de Moguer, e uma nau, a Santa Maria, apelidada Gallega, capitaneada por Colombo.

A expedição de Pedro Álvares Cabral que demandou chegar à Índia e que protagonizou a descoberta oficial do Brasil em 1500, estava composta por 13 embarcações: 11 naus e 2 caravelas. Cabral capitaneou a nau-capitânia com 190 homens à bordo.

Entre os séculos XV e XVI, os piratas adaptaram suas caravelas com canhões para atacar e saquear outras caravelas e vilarejos costeiros.

A primeira circum-navegação da terra começou em setembro de 1519 quando o famoso navegante português Fernão de Magalhães, partiu da Espanha, de San Lucar de Barrameda, encabeçando uma esquadra de 5 naus: Santiago, San Antônio, Concepción, Trinidad e Victória, e uma tripulação de pouco mais de 250 homens.

Depois de vários meses de navegação a esquadra perdeu a nau Santiago em um naufrágio.
Um ano y um mês depois que partiram da Espanha, internaram-se no estreito que hoje é conhecido como Estreito de Magalhães, navegaram cerca de um mês através deste canal de 597 Km que une o Atlântico com o Pacifico. Durante esta travessia a expedição perdeu outra nau, a San Antonio, seus tripulantes mataram o capitão e retornaram à Espanha levando todo o alimento e água fresca armazenados nesta embarcação.

Depois que saíram do estreito navegaram 99 dias pelo oceano Pacifico sem encontrar terra firme, resultando em uma tripulação dizimada, assolada pela fome, sede e escorbuto.
Finalmente, em março de 1521 chegaram ao arquipélago das Filipinas. Mas na Ilha de Mactam as coisas não correram tão bem para Magalhães já que o rei desta ilha se negou a submeter-se à coroa espanhola. Então, Magalhães desembarcou na ilha com um grupo armado, disposto a obrigá-lo a converter-se ao cristianismo, mas foi abatido pelos índigenas. Morreu dia 27 abril de 1521, durante a noite a maré subiu e seu corpo foi varrido pelo mar. Depois disto a  nau Concepción foi queimada pois não tinham suficiente marinheiros.

Sebastián Elcano tomou o mando da expedição capitaneando a nau Victória, seguido pela Trinidad, rumo à Ilha Moluca, a ilha das especiarias, onde estiveram por alguns dias antes de partir para Espanha.
A nau Trinidad foi abordada pelos portugueses, seus tripulantes se tornaram prisioneiros e a embarcação foi afundada.
A nau Victoria foi a única que tinha completado a circum-navegação do globo.
Em 1522, a nau Victória cruzou o Oceano Índico, dobrou o Cabo da Boa Esperança, no sul da África, alcançando finalmente o porto de San Lúcar de Barrameda no dia 8 de setembro de 1522.
A viagem durou 3 anos, só 18 pessoas sobreviveram, entre estas Antonio Pigafetta, um italiano que durante a viagem escreveu um detalhado diário de bordo, o qual deu origem ao livro "A Primeira viagem ao redor do globo". Graças a seus escritos hoje é possível conhecer o que sucedeu nesta viagem histórica.


O nome da nau, Victória, vem da Igreja de Santa Maria da Victória , em Triana, um bairro da cidade de Sevilha, em Espanha, onde Fernão de Magalhães jurou servir ao Rey Carlos V.

Em Punta Arenas, nas margens do Estreito de Magalhães, se levanta uma réplica da nau Victória, num atrativo centro turístico cultural, onde também se exibe outras três embarcações que fazem parte da história do Estreito de Magalhães, estas são:

HMS Beagle: (em construção) um bergantim de bandeira inglesa, que em 1826 foi destinado a uma expedição para elaborar o levantamiento hidrográfico das águas costeiras da Patagônia e da Tierra del Fuego, comandado pelo capitão Pringle Stokes, quem morreu antes que a missão fosse completada.
Em 1831, baixo o mando do capitão Fitz Roy, partiu de Inglaterra uma nova expedição com o objetivo de completar a cartografia das costas da América do Sul com o fim de produzir cartas náuticas mais precisas.
Nesta expedição que durou 5 anos participou Charles Darwin com a função de acompanhar Fitz Roy e de colaborar com a cartografia, proporcionando seus conhecimentos de geologia.


Escuna Ancud: uma nave de guerra de bandeira chilena, foi construída em Chiloé, em 1843, com a finalidade de levar a expedição de Juan Williams que tinha a missão de construir o primeiro assentamento chileno na área do Estreito de Magalhães e assim tomar posse efetiva do estreito e fortalecer a soberania de Chile sobre esta região.


James Caird: um dos três barcos salva-vidas do veleiro de 3 mastros, Endurance, no qual o explorador antártico britânico, Ernest Shackleton, realizou a Expedição Transantartica Imperial, em 1914, com uma tripulação de 27 homens capitaneados por Frank Worsley.


No dia 14 de fevereiro de 1915 o Endurance ficou encalhado numa placa de gelo, e apesar de todos as tentativas para soltá-lo, depois de oito meses, o veleiro afundou deixando a tripulação à deriva.


 Depois de vários meses a capa de gelo quebrou e eles puderam partir nos botes salva-vidas chegando à Ilha Elefante. Desde aí Shackleton e 6 homens, junto com o capitão Frank Worsley, partiram no bote James Caird com o objetivo de alcançar a Ilha Georgia do Sul, o qual conseguiram depois de um mês de uma difícil viagem, a qual, de fato, é considerada uma das maiores viagens de barco jamais realizadas.


Três meses depois, com a ajuda do navio à vapor chileno,Yelco, resgataram todos o grupo que havia sobrevivido na Ilha Elefante.

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Informações turísticas: www.comapa.com

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