quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

El Cerro de la Cruz

Muitas cidades do Chile tem uma colina que forma parte do seu patrimônio cultural. Em Punta Arenas é  o "Cerro de la Cruz",  um dos lugares mais emblemáticos da cidade, é um dos seus 5 monumentos históricos, uma visita obrigatória por quem está de passeio pela cidade.


Desde o mirador da colina a vista da cidade, com seus tetos coloridos, é esplendida, a Ilha Grande Terra do Fogo parece estar mais pertinho, e se o dia não estiver nublado poderá ter uma linda vista do Monte Sarmiento e do sul da Península de Bruswick. Mas não há dúvida de que, com sol ou chuva, desde ali se pode ter a melhor vista do Estreito de Magalhães.








Nos ínicios da cidade de Punta Arenas a colina marcava o limite periférico poente. Na colina plantavam batata e aveia com bons resultados, por isto se chamava  "Cerro de las Semillas" (Colina das sementes).
Em 1881, o presbítero Rafael Eyzaguirre colocou uma cruz grande no alto da colina para celebrar o término da sua missão na zona austral. Com o passo dos anos o povo já identificava a colina com a cruz assim que, em 1887 passou a chamar "Cerro de la Cruz".
Uns 10 anos mais tarde um pequeno grupo de pessoas, talvez insatisfeitos por alguma razão, arrancaram a cruz e a quebraram jogando os restos nas ruas da cidade, mas a pedido do povo se colocou uma nova já que se considerava que a colina perderia sua identidade se colocasse ali qualquer outro tipo de monumento. Como expressou o prefeito da época, "sem a cruz a colina perderia sua alma".


Mas a colina não é só conhecidada pela cruz mas também por um horrendo crime que ocorreu ali em 1923, que marcou na memória dos 25.000 habitantes da cidade naquela época. Os 4 membros de uma família, entre eles 2 meninas, foram cruelmente assassinados sem nenhuma razão aparente, nem politica nem pessoal, que pudesse explicar o caso ou levantar suspeitos.
Esta família, porém, tinha dois amigos que haviam chegado do norte do país, Abelardo Puente e Cláudio Dorrego, que foram acusados do crime, como única razao o roubo e, sem haver suficiente provas de sua culpabilidade, foram condenados a pena de morte, foram rapidamente fuzilados e o caso fechado. O caso causou uma grande controversia entre o povo  pois as opiniões sobre o resultado das investigacoes estavam divididas. Este caso também deu origem a expressão popular, "gente má do norte", para referir-se a aqueles que vinham do norte do país buscando uma melhor vida na zona austral, mas que tinham uma reputacao um pouco duvidosa; esta expressão se usa até os dias de hoje.

Em 2003, 80 anos depois do ocorrido, começou a filmacao de uma longa metragem que conta a história do crime da colina, porém como explicou um dos produtores, a investigacao que fizeram para armar a história aclarou que aqueles homens eram inocentes. Durante as investigacoes os produtores tiveram acesso a documentos que estavam na antiga prisão da cidade os quais deixam claro que estes homens foram vitimas da intolerância social e da conveniencia politica da época. O filme estreou em 2011 com o título "Gente má do norte", na X Mostra de Cine na Patagônia e exibida na XI Mostra do mesmo festival.

www.cinemilodon.cl

Recomendacao: Livro de 116 páginas: "El Crimen del Cerro de la Cruz".
                                                            Autor: Daniel Vega Delgado.

Para chegar ao mirador só há duas opcoes: subindo a colina por uma das ruas centrais da cidade, sobretudo a  Fagnano ou Waldo Seguel, de carro particular ou táxi.
Mas vale a pena a subir a colina a pé, pois é um dos sectores mais antigos de Punta Arenas onde o visitante pode apreciar os começos desta interessante cidade. Ademais, ao chegar no mirador, com a vista tao bonita a gente até esquece o cansaço... e vale a pena pois voce poderá exibir magnificas fotos panorâmicas do Estreito de Magalhães nos seus blogs.

www.facebook.com/pages/Amigos-y-Simpatizantes-del-Cerro-de-la-Cruz-Punta-Arenas-Chile/78129758638















terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Punta Arenas, cidade de monumentos.

Monumento público se define como qualquer construcao histórica que faz parte de um núcleo urbano ou rural, que possui uma condicao de importância para a comunidade ou grupo aonde se localiza.
Geralmente são obras como estátuas, bustos, monólitos, esculturas, placas, coroas ou murais; são obras com valor artístico, arqueológico ou histórico sendo, em geral, exibidos em um lugar público como praças, avenidas, edifícios de administracao pública, entre outros.

Toda cidade tem seus monumentos característicos que, silenciosamente, nos contam algo da história, ou recordam algum personagem ou algum evento importante. Quantos monumentos da sua cidade você conhece?  Talvez este blog te entusiasmará a conhecer alguns mais... ou todos.

 Punta Arenas não é diferente, aqui os monumentos falam muito da cidade, dos costumes, das riquezas e claro, de seus personagens ilustres. Um dos monumentos mais queridos e que seguramente é o emblema da região é o conhecido pastor de ovelhas, "El ovejero":
Este monumento é do tipo escultura e contem doze figuras: o pastor, seu cavalo e seu cão e o rebanho de ovelhas, em tamanho original, em bronze.
É uma homenagem aos homens do campo da Região de Magalhães que lutam constantemente contra o vento para vigiar os rebanhos. A pecuária ovina é uma das principais riquezas da zona.
Foi inaugurado dia 18 de fevereiro de 1944, originalmente em granito mas foi substituída por bronze para assegurar sua permanência no tempo; a versão em granito foi doada a cidade de Coyhaique.




O mais visitado, posso afirmar, é o monumento a Fernão de Magalhães, localizado na praça central da cidade, foi levantado em comemoracao do 4°centenário da chegada de Fernão de Magalhães ao estreito e, por conseguinte, o descobrimento do Chile.
É uma estátua de concreto e bronze, de 9 metros de altura. No tope a estátua do próprio Fernão de Magalhães de pé sobre a proa de um navio olhando em direcao ao estreito que leva o seu nome; na base a estátua de um índio Ona, um índio Tehuelche e uma sereia com o escudo da Espanha e o do Chile.

Existe uma lenda urbana sobre a estátua do índio Ona.
Esta lenda começou com a história de um marinheiro espanhol que gostou tanto da estátua do índio que mandou tatua-la no seu peito. O trabalho ficou tao bem feito que a tatuagem parecia cobrar vida a cada movimento que o marinheiro fazia, mas o que era mais chamativo era o movimento que fazia o dedão do pé.
Orgulhoso da sua tatuagem ele olhava no espelho e mentalmente consultou ao índio se ele teria exito ao retornar a casa, como resposta, com um pequeno movimento do seu braco, o dedo da tatuagem moveu afirmativamente.
Feliz com a resposta partiu para o porto e passando pela praça olhou o monumento e golpeando o peito disse: "aqui levo você comigo, amigo. Quero ser forte como você". E beijando o pé da estátua despediu, dizendo: "me ajuda, me dá sorte".
Meses depois, o marinheiro regressou a Punta Arenas, radiante de alegria, contando que seus negócios haviam prosperado rapidamente.
Assim surgiu a costume de ao passar em frente da estátua do índio, passar a mão no pé dele e pedir protecao e ajuda.
E também a crença de que se os viajantes beijam o pé da estátua voltarão algum dia a Punta Arenas .
Se voce vir a Punta Arenas, vai notar o polimento que o pé do índio tem recebido das pessoas que o visitam, é mais dourado que o resto do corpo.





Outro monumento interessante que marca um evento histórico de relevância é o conhecido popularmente como anjo alado, mas o nome oficial deste monumento é "O Abraco do Estreito":
É uma estátua de concreto e bronze de 8 metros de altura que representa o término do conflito de limites entre Chile e Argentina, o qual foi solucionado no Tribunal Internacional e arbitrado pela rainha britânica Victória.
Como uma forma de selar o acordo entre estes dois países seus presidentes Julio Roca, da Argentina e Federico Errazuriz, do chile, marcaram um encontro que eventualmente se realizou a bordo da fragata chilena O´Higgins, ancorada no Estreito de Magalhães, em Punta Arenas. A reunião se realizou entre os dias 15-17 de fevereiro de 1899, e os presidentes de ambas nacoes expressaram seus desejos de paz e amizade, e selaram o encontro com um forte aperto de mão, o qual ficou conhecido  na história como o abraco do estreito.






O relógio do porto, Também conhecido como Relógio do Estreito, é um monumento interessante que se encontra na entrada do cais. É um relógio piramide de uns 4 metros de altura com estrutura de ferro, foi comprado em Alemanha em 1912 por 3000 marcos alemães e entregado a cidade dia 9 de dezembro de 1913.
O relógio tem 4 caras, 2 em números romanos e 2 em números árabes. Possui um sinalizador automático de datas lunares, um calendário mensal com os signos do zodíaco, um barômetro holostérico de Lambrecht, um termohygroscópio, um termógrafo e um barômetro, um termômetro que marca a máxima e minima temperatura e uma veleta para indicar a direcao do vento com os 4 pontos cardinais.
A manutencao e cuidado do relógio é responsabilidade da Governacao Marítima.
Para os amantes de relógios este é uma verdadeira jóia.







O Condor: estátua de 6 metros de concreto, pedra e bronze. Inaugurado em 1910 em homenagem ao centenário da independência do Chile.
Simboliza a independência com o condor iniciando o voo, entre suas garras e no bico as cadeias cortadas que o impediam voar.
O condor é ave nacional e esta representada no escudo nacional simbolizando a força.






Bussola do sul: escultura de 5 metros em metal que simboliza a direcao do vento sul. Se encontra na avenida Costanera del Estrecho.



Monumento ao petróleo: escultura de 8 metros em pedra e metal em comemoracao da descoberta do petróleo na região, outra das riquezas da zona.



Obelisco uruguaio: foi um presente da colonia uruguaia residente em comemoracao ao centenário da soberania de Chile sobre o Estreito de Magalhães.
O obelisco tem 6 metros de altura e é de mármore cor de rosa, e está localizado na Praça Uruguai.



Estes são 3 bustos que homenagem a literatura:

Busto Gabriela Mistral: poetisa e professora da região, Premio Nacional de Literatura e Premio Nobel de Literatura da Latino América.



Grimaldi: um poeta regional muito querido. Sua poesia, "O pastor de ovelhas da minha terra", deu inspiracao para a criacao do monumento El Ovejero. Sua poesia também inspirou a criacao do monumento ao petróleo.




Marco Marulic: padre da literatura croata. (ver blog: A imigracao croata em Magalhães). Este monumento foi um presente da cidade irma, Split.





















Monumento ao imigrante croata: (ver blog: A imigracao croata em Magalhães). Este monumento foi criado
em homenagem aos 100 anos da colonia croata na Região de Magalhães.



Monumento Praça das Bandeiras:  é uma homenagem as nacoes que ajudaram a colonizar a região de Magalhães. É um conjunto de 19 bandeiras içadas: 16 bandeiras de nacoes estrangeiras, a bandeira regional, a bandeira municipal e a bandeira nacional.

E por último, mas nem por isto de menos importância, de fato, é meu favorito, Totem em madeira. Este monumento-praça esta localizado na avenida Costanera del Estrecho e é uma merecida homenagem aos povos originários da área do Estreito de Magalhães.






Em total Punta Arenas tem 60 monumentos cadastrados segundo a normativa de monumentos nacionais: 8 estátuas, 17 bustos, 12 monólitos, 5 históricos, 12 esculturas, 6 murais.
Para cada 2000 habitantes de Punta Arenas há um monumento.

Se quiser averiguar sobre todos os monumentos da cidade click no seguinte link:

www.puntaarenas.cl/bases_archivos/monumentos.pdf